quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Filme: Manuel, o filho emprestado


Filme: Manuel, o filho emprestado

Pelo meu olhar do filme, fiquei com a percepção que as várias ocorrências decorrem na década 1970/80, pelo vestuário dos intervenientes, da envolvência, e por todas as situações com que se desenrolam os muitos e variados temas que na referida década estavam em debate.
Na Europa e no Mundo tudo era motivo de debate nos mais diversos sectores da vida social tais como: As ideologias politicas, os exilados, o combate ás ditaduras, as desigualdades de género, os direitos dos trabalhadores, os fluxos migratórios, a delinquência juvenil, o analfabetismo, a sexualidade, os currículos escolares e o poder coercitivo dos docentes, as revoluções e guerras que iam ocorrendo por todos os cantos do planeta e criavam ícones revolucionários, as questões ambientais, nunca em tão pouco tempo houve transformações nas sociedades e nos modelos políticos vigentes.
“Manuel, o filho emprestado” é uma história simples com um olhar com lentes de alta graduação sobre muitos e variados temas do imaginário português que ocorre numa comunidade portuguesa no Canadá: a igreja, as procissões, os cafés, as padarias, simbolizam a nossa cultura que se encontra espalhada por todos os cantos do Mundo.
O filme atinge momentos de grande intensidade dramática na cena em que o pai do Manuel reconhece que, não obstante um relativo sucesso económico, ou talvez por isso mesmo, dada a falta de tempo para prestar atenção ao crescimento dos filhos e ao evoluir do mundo à sua volta, a sua vida é um fracasso. Ou ainda na parte final quando o velho sapateiro anarquista, confrontado com inadiáveis opções a tomar relativas ao futuro escolar do rapaz, aceita finalmente abdicar do seu orgulho e reconhecer que, na vida, entre a utopia e a realidade há todo um mundo de cedências e compromissos a navegar.
O final do filme é excelente pela mensagem que nos é enviada pelo Manuel (“eu teria feito o mesmo que o pastor”) em contraponto com as utopias do velho anarquista e as suas memórias revolucionárias da Guerra Civil de Espanha. Soeiro Pereira Gomes numa simples citação da sua obra Esteiros diz “os filhos dos homens que nunca foram meninos”, serve perfeitamente para definir “o filho emprestado”.