segunda-feira, 14 de setembro de 2009

O ciclo sociocultural de Abraham Moles




Neste ciclo os quatro elementos fundamentais são representados por rectângulos. O MACRO-MEIO representa a massa, a sociedade no sentido mais geral, da qual todos fazem parte. Mesmo o CRIADOR faz parte dessa sociedade; a sua criatividade é a sua capacidade de produzir ideias novas; emite mais mensagens do que aquelas que recebe. O CRIADOR exerce a sua actividade em todos os domínios – técnico e artístico – é aquele que age. A sua acção exerce-se sempre, primeiramente, num MICRO-MEIO que é um dos sub-conjuntos da sociedade, formado, por exemplo, pelos especialistas de uma disciplina qualquer, por aqueles que têm os mesmos gostos e os mesmos conhecimentos. Estes MICRO-MEIOS vão desde as sociedades de cientistas, às associações desportivas – são as corporações de outrora, as associações de hoje – que a introduzir têm os seus modos de comunicação e de circulação das ideias e que põe à experiência os contributos dos colegas e confrades, antes de os deixarem circular pelo grande público. E isto através dos MASS -MEDIA que são, tradicionalmente, a imprensa, o cinema, a rádio e a televisão. Mas estes MASS-MEDIA não funcionam em circuito fechado pela simples iniciativa dos criadores. Existem também os mediadores que escolhem, filtram, orientam e tomam uma DECISÃO em função de VALORES de pressões ou de interesses.
O ciclo funciona da seguinte maneira: a CULTURA DE MASSA viva e adquirida – espécie de bagagem comum de uma dada sociedade – banha o CRIADOR de ideias de toda a espécie, a partir das quais ele cria OBRAS OU PRODUTOS NOVOS. Esses produtos e ou criações podem ter logo uma «acção sobre o mundo», podem ter logo aplicações técnicas precisas, antes mesmo de serem postas em circulação no ciclo, através do MICRO-MEIO. A ideia nova ou a criação é analisada, julgada, avaliada, antes de ser filtrada no QUADRO SOCIO-CULTURAL, uma espécie de filtro em que as malhas são compostas por todo o saber da humanidade e que se modifica por estratificação, pelo contributo de acontecimentos exteriores e cumulativos (historicidade).
Uma vez que essas ideias novas e essas criações foram aceites e «produzidas» pelos MASS-MEDIA tornam-se PRODUTOS CULTURAIS bastante semelhantes aos outros produtos de consumo, obedecendo a certas leis do mercado e finalmente, são lançadas no MACRO -MEIO isto é, na sociedade, a qual vão necessariamente modificar. E o ciclo recomeça. A única coisa que pode variar é «a velocidade da circulação das ideias» e A. Moles pergunta-se se é «possível e desejável acelerar ou diminuir a velocidade de rotação deste ciclo.»

REFLEXÃO

Numa altura de particular pressão consumista, a que os bens culturais naturalmente não escapam ilesos, importa reflectir sobre até que ponto todos nós consumidores de bens e serviços culturais e criativos, estamos a efectivamente a exercer o nosso livre arbítrio e fazemos as nossas próprias escolhas de forma independente e consciente, num domínio em que a variedade da oferta parece ser substancialmente elevada (no limite, todos os produtos serão minimamente diferenciados uns dos outros) e o campo de escolha tendencialmente alargado.
“Janelas abertas sobre o mundo”, “espelhos da sociedade contemporânea” ou “catalisadores da vida sociocultural”, os media são tidos por um “quarto poder”, um “contrapoder”” ou até pelo novo “segundo poder”…
O facto é que os media ocupam doravante um espaço central na estruturação das nossas democracias

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