quarta-feira, 15 de julho de 2009

"O Âmago da Comunicação Educativa"

SÍNTESE do Ensaio
"O Âmago da Comunicação Educativa"
De Bento Duarte da Silva
Universidade do Minho (Portugal)

1.O título, só por si, já nos introduz no centro da questão em debate: a relação interactiva entre processo educativo (PE) e processo comunicativo (PC). É impossível separar educação e comunicação, isto é, tentar ver que uma possa existir sem a outra. A conclusão parece evidente: não há educação sem comunicação e vice-versa. Como poderá ser possível compreender, mesmo de forma abstracta, que qualquer pessoa possa comunicar sem qualquer aprendizagem? E, da mesma forma, como poderá ser possível que qualquer pessoa possa aprender seja o que for sem qualquer espécie de comunicação? A resposta parece evidente e, por isso, relacionamos o PE com o PC, em interacção mútua, não sendo possível analisar um sem a presença do outro.

Como atingir então o centro dinâmico (" o âmago") desta relação interactiva, isto é, o lugar onde os dois processos se encontram e se auto-influenciam ou, se quisermos, o lugar onde educação e comunicação se amam e compreendem que são inseparáveis para a toda a vida e que a morte de uma supõe a morte da outra?

2. Após uma definição de sistema como "conjunto", "estrutura" ou "complexo", ou seja, complexidade de elementos interactuantes, o autor desenvolve três caminhos possíveis de compreensão desta relação "amorosa" entre a comunicação e a educação: o primeiro, centrado nos diversos modos de comunicação; o segundo, nas dimensões da comunicação didáctica, isto é, na própria prática do ensino-aprendizagem; o terceiro, referindo-se aos critérios de eficácia da Comunicação Educativa.

2.1. O universo educativo pode subdividir-se em três sectores ou três extensões: a formal, a não formal e a informal.
A extensão formal compreende a "educação escolar ou sistema de ensino e desenvolve-se por níveis ". Isto significa que, por exemplo, em Portugal, a educação formal é constituída pelos Jardins de Infância, Ensino Básico, Secundário e Superior.
A educação não formal poderá ser educação extra-escolar e atende a "educação permanente e de adultos, animação sociocultural, educação para os tempos livres, desenvolvimento comunitário, reciclagem e reconversão profissional, etc ." Poderíamos incluir, nesta educação não formal, por exemplo, as universidades da Terceira, os cursos de teatro, música, dança, artesanato, culinária, etc., que, felizmente, vão surgindo cada vez mais pelo país.
A terceira extensão, denominada informal, atravessa, de certo modo, as duas anteriores. Apesar de não ser "metódica, estruturada, consciente, intencional" ou de não partir de uma "definição prévia de objectivos ou finalidades pedagógicas", manifesta-se na família e no ambiente comunitário circundante. É no seio da comunidade em que vivemos que assimilamos os referências fundamentais que nos servem de suporte, quer para a comunicação (linguagem, vocabulário, etc.), quer para a educação (aprendizagem de valores, objectivos, hábitos culturais, etc.).

2.2. No Sistema Educativo , falamos de quatro níveis ou contextos da comunicação: intrapessoal, interpessoal, grupal e cultural.
- o intrapessoal ( auto-comunicação, isto é, comunica consigo mesma);
- o interpessoal ( entre dois indivíduos ou diálogo);
- o intergrupal (entre vários indivíduos, num contexto físico próximo);
- o cultural ou de massa, entre uma pessoa institucionalizada (meio de comunicação social) e um grande número de pessoas, o público, que utiliza o respectivo meio. Aqui é difícil identificar a origem e o destino das mensagens. É o caso da TV, da imprensa, do cinema...
2.3. Poderemos falar da relação espaço-temporal (mesmo tempo – mesmo lugar, variando o tempo ou o lugar ou os dois), da relação entre Emissor e Receptor (em presença/ à distância / /directo /diferido) e no grau de formalidade pedagógica ( hipercodificação – uso palavras "caras" / hipocodificação – uso palavras simples, que todos compreendam).


(Cf. SILVA, Bento (2000). Âmago da Comunicação Educativa. Cadernos do
Noroeste , Comunicação e Sociedade 2. Série Comunicação, vol. 14 (1-2), pp.
689-710.)

Sem comentários:

Enviar um comentário